No futebol, em geral as torcidas organizadas são formadas por pessoas com alguma afinidade além do time do coração, como filiação partidária, residência em determinada cidade, faixa etária etc. Muitos grupos também se dedicam a causas sociais e explicitam seu apoio ao combate a questões como racismo e sexismo.
No entanto, existem agrupamentos que atuam com base na violência explícita, embasados em fanatismo, preconceitos, conflitos étnicos e outros motivos de intolerância. O sentimento de pertencimento perpassa a convivência intergrupo e radicaliza o ataque a quem é diferente, ou assim lhes parece. Os atos violentos cruzam os muros dos estádios e atingem o entorno, chegando a afetar quem é mero transeunte ou usuário de transporte coletivo e que está no lugar errado na hora errada – para quem?
Os hooligans da Inglaterra, os barra-bravas da Argentina e os ultras da Rússia são exemplos atuais que preocupam as autoridades que organizam tanto competições locais como eventos internacionais. São torcedores radicais que buscam fazer prevalecer seu poder de atemorizar a quem pertence a outra facção ou origem.
Por exemplo, em Londres, torcedores de times rivais localizados na região leste de Londres têm origem social semelhante, mas disputam território. Na Itália, a Lazio de Roma tem origem no fascismo e até hoje sua torcida saúda Mussolini nas arquibancadas. O estopim da guerra dos Balcãs em 1990 foi uma partida de futebol em Zagreb entre o Estrela Vermelha de Belgrado (Sérvia) e o Dínamo de Zagreb (Croácia).
No Brasil, a rivalidade fica evidente nos clássicos locais e regionais, havendo inclusive ataques premeditados antes e após as partidas, longe da segurança oferecida no interior do estádio pela polícia que, neste caso, serve a um evento de caráter privado e que, portanto, deveria ser protegido por recursos privados.
O hooliganismo passou a ser um termo corrente para designar vandalismo, destruição. Considerando que o futebol não é alheio à sociedade, mas sim parte dela, tanto pode causar como refletir os conflitos inerentes à vida em coletivo, especialmente em tempos de intolerância generalizada.
Nos Estados Unidos, Michael Jordan é o maior ídolo do basquete da NBA. Sua condição de destaque junto ao Chicago Bulls afetou os índices de criminalidade na cidade, pois roubos e assassinatos diminuíam bastante quando ele jogava. Segundo a polícia local, o efeito Jordan ocorria entre 19h30 e 22h30 quando ele atuava, independente se a partida fosse em casa ou na cidade do time adversário. Seria o ídolo suficiente para aplacar os ânimos?