Fazia um frio dos infernos e eu andava pela Felicíssimo Furtado quando me deparei com uma pequena multidão, umas 10 pessoas em uma estimativa exata, muito pouca gente. Havia um silêncio ensurdecedor.
Um morto-vivo fazia uma declaração tácita:
– Meu amigo encontra-se desaparecido. Sinto um vazio imenso no peito! Eu estava aqui lendo Um morto pula a janela quando ele saiu andando com sua cara tristemente alegre.
Um ilustre desconhecido perguntou em tom afirmativo como ele se chamava.
– Paco Rabane, um vagabundo chique. Estou bem mal! Já procurei pelos quatro cantos do mundo.
– Já tentou ligar para ele?
– Ele tem smartphone, mas não é inteligente.
Uma jovem senhora questionou com uma voz escandalosamente calma se ele teria alguma inocente culpa.
– Pois sim! Ele tem alguns inimigos amistosos e já se envolveu em brigas pacíficas por aí. É mentiroso, mas honesto.
– Bem feito! Você sabia que ele não era nenhum catedrático néscio.
– Pois é, meu amargo prazer, meu doce tormento. Minha vida virou do avesso, mas descobri que ele era o meu lado certo, como diria o Caio.